Špendlo, nascido na Eslováquia, é um artista que cria tatuagens inovadoras e ousadas.

Do seu próprio estúdio Painapple na Eslováquia e em pontos convidados em toda a Europa e Estados Unidos, ele deixou para trás um rastro de obras de artes vibrantes e inspiradas em graffiti na pele dos seus clientes.

Conversamos com o premiado artista sobre as suas inspirações, problemas com a lei e a tatuagem mais interessante que ele já foi convidado a fazer.

Como era a sua vida antes de se tornar tatuador?

Desde criança que tenho vivido a vida de artista, desenhando em T-shirts para todo o bairro da minha cidade natal, pintando quadros e fazendo exposições privadas para vender a minha arte. Além disso, fazia graffiti e também aerografia na altura, o que trouxe não apenas problemas com a lei, mas também muitos trabalhos a pintar interiores ou exteriores. Nunca na minha vida tive um emprego "normal".

O que o inspirou a tornar-se tatuador?

Sempre estive rodeado de pessoas que gostam de criar algo e entre elas também havia tatuadores. Por isso, posso dizer que eu estava apenas a um passo de me tornar um deles.

Como surgiu o nome Špendlo?

O nome Špendlo é basicamente uma versão curta de “Špendlik”, que significa “um alfinete” em eslovaco. Mas para responder à pergunta, devo dizer que adotei este nome porque sempre fui o mais pequeno do meu grupo de amigos.

Como descreve o seu estilo de tatuagem?

Diria que a coisa mais específica do meu estilo é a forma como uso as cores: cores vivas, saturadas e com linhas fortes. Outra marca característica é que tento evitar detalhes minimalistas para que a tatuagem continue com ótimo aspeto mesmo depois de alguns anos. A categoria com a qual registo as minhas tatuagens nas convenções é “inovadora”.

Onde encontra inspiração artística?

Hoje em dia, no mundo da Internet, é muito fácil encontrar inspiração. Existem muitos novos tatuadores inovadores ou outros artistas em geral que inspiram a minha arte diariamente. Contudo, quando se trata de inspiração, o cliente representa uma grande parte.

Quanto tempo passa nos seus estúdios, Custom Made Ink e Painapple Tattoo?

Painapple Tattoo é o meu próprio estúdio na Eslováquia, onde também moro. É o local onde passo a maior parte do meu tempo em comparação com os outros estúdios onde trabalho, mas, para ser mais preciso, trabalho 10 vezes por ano em Copenhagen (na Custom Made Ink). Além disso, faço regularmente trabalhos a pedido especial em Nova Iorque (no Magic Cobra, anteriormente chamado Leathernecks Tattoo) e na Alemanha (no estúdio Tattoo Twenty Five).

Como é o panorama da tatuagem na Dinamarca e na Eslováquia?

Há um grande número de grandes artistas em ambos os países. Hoje em dia não é difícil encontrar ou comprar equipamentos de tatuagem de boa qualidade, é muito mais fácil desenvolver habilidades parar tatuar hoje em dia do que era há 20 anos quando comecei. É por isso que não é possível conhecer todos esses novos artistas incríveis que surgem com uma velocidade vertiginosa!

Com quem trabalha nos estúdios?

Trabalho principalmente com esses três artistas: July Kacerova, Peter Skriba e Jiri Zmetek Vintr.

Qual é o seu processo de design?

Trata-se sempre da comunicação com o cliente, que costuma dar todas as informações necessárias por e-mail, o que inclui o posicionamento, o tamanho e a ideia básica. Também enviam fotos para inspiração para que eu possa ver o que o cliente gosta. Faço um esboço, e que depois modificamos na sessão, se for necessário.

Qual é a melhor coisa do seu trabalho?

É a liberdade, sem dúvida. Nunca conseguiria trabalhar sob a supervisão de alguém sabendo que não posso ter tempo livre sempre que quero ou preciso.

Que equipamento de tatuagem usa?

O principal equipamento que utilizo é a minha máquina Inkjecta, além de agulhas KWADRON e tintas Starbrite. Para ser sincero, não tenho outras marcas favoritas de consumíveis, mas gosto de percorrer a loja Killer Ink e descobrir coisas novas por lá, mas raramente as experimento.

Quais os tatuadores que mais admiras?

Os artistas mais admiráveis para mim são aqueles que fazem os seus próprios desenhos ou pelo menos tentam criar algo novo. Admiro artistas que conseguem improvisar e fazer freestyle, em vez de apenas copiar, colar e fazer as colagens regulares de fotos no Photoshop. Basicamente, verdadeiros artistas criativos.

Já ganhou algum prémio do qual se orgulhe?

Ganhei mais de 60 prémios em convenções de tatuagem! Dou mais valor àqueles que recebi na Polónia (Cracóvia), não apenas pela ótima organização da convenção, mas também pela grande seleção de tatuadores.

Se pudesse tatuar apenas um tipo de animal para sempre, extinto ou ainda vivo, qual seria?

Poderia tatuar animais de estimação diariamente, mas se pudesse escolher apenas um tipo de animal, com certeza seriam os mandris, por causa das suas cores e da possibilidade de modificar a sua forma.

Quais são as suas tintas favoritas?

Atualmente estou a usar tintas Starbrite, mas cada marca tem os seus pontos fortes e defeitos. Também trabalho ocasionalmente com as tintas Eternal.

Ainda faz graffiti?

Para mim, graffiti significa apenas a arte ilegal, que é pintar os comboios ou os muros das ruas. Costumava adorar a emoção e a adrenalina, mas não faço mais isso porque encontrei algo que amo mais, que é a tatuagem. Hoje em dia uso sprays para algo muito menos perigoso e ilegal, que é pintar murais ou paredes de festivais.

Qual é a tatuagem mais estranha que lhe pediram para desenhar?

Uma vez tive um cliente que disse que podia tatuar o que quisesse, desde que não fosse ofensivo. Ele não quis ver o esboço nem a tatuagem que fiz nas costas. Tatuei um hambúrguer enorme e ele disse: “Quero ver quantos dias consigo evitar olhar para ela – quando finalmente conseguir, podes adicionar esse número de dias por baixo da tatuagem”. Voltou passados dois anos.

Quantas tatuagens tens e qual é a sua preferida?

Essa pergunta é complicada. Não sei bem como contá-las quando fazem parte de uma manga, mas tenho os dois braços, as costas inteiras e uma panturrilha toda tatuada. Gostaria de ter mais, mas quanto mais velho fico, mais doloroso é.

O que gosta de fazer nos tempos livres?

Estou sempre a andar de um lado para o outro. Não me importo de estar sozinho, passar tempo de qualidade a fazer coisas de que gosto, como snowboard, skate, wakeboard e paddleboarding. Além disso, ando de moto, o que é uma verdadeira paixão para mim.

O que reserva o futuro para Špendlo?

Liberdade.

Esperamos que tenha gostado da nossa conversa com Špendlo e não deixe de espreitar o seu trabalho no Instagram ou no Facebook!