A tatuadora britânica Joanne Baker trabalha na Semper Tattoo, em Edimburgo, é criadora de peças coloridas inspiradas em aguarelas.

O trabalho de Joanne é vibrante e bonito, retrata frequentemente animais, insetos e cenas naturais com um toque abstrato.

Conversamos com Joanne sobre o seu percurso no mundo da tatuagem, onde ela encontra inspiração e que conselhos daria a artistas iniciantes!

Como começou na indústria da tatuagem?

Comecei na indústria da tatuagem depois de me licenciar em Belas Artes. Uma grande amiga minha (e uma talentosa tatuadora) Steph Hesketh deixou que a acompanhasse enquanto fazia uma tatuagem com Matt Barratt-Jones, também conhecido como Oddboy. Não tinha considerado a tatuagem como uma carreira até ver como Steph e Matt falavam apaixonadamente sobre a arte da tatuagem, e como o estúdio de tatuagem podia ser um ambiente criativo.

Então inscrevi-me para um estágio num estúdio em Coventry- Grizzly Art Tattoos. Foi um caso de estar no lugar certo à hora certa. Tive a sorte de ser contratada como aprendiz por Steven Timms (Grizzly) e Dan Dygas. Foi uma aprendizagem bastante tradicional, e eles são ótimos mentores. Posso afirmar com quase toda a certeza que não teria esta carreira se não fosse pelos artistas que mencionei.

Como descreveria o seu estilo artístico de tatuagem?

Descreveria-o como aguarela ilustrativa. Adoro tatuar coisas que parecem esboçadas e desenhadas.

De onde vem o nome Milky Tattoodles?

O nome do Instagram é uma história um pouco tola e não tão interessante quanto parece!

No início da minha aprendizagem, deixei cair uma enorme embalagem de leite no chão enquanto todos estavam a tatuar; foi uma confusão! Desde então que Grizzly me chama 'Milky'. O 'Tattoodles' eram simplesmente porque, nos primeiros dias, eu desenhava mais do que tatuava e queria mostrar os desenhos que queria tatuar... os meus 'tattoodles'. Na época, não tinha ideia de quanto os nomes do Insta podem perdurar!

Há quanto tempo trabalhas na Sempre Tattoo, e quem está lá consigo?

Estou na Semper há cinco anos e meio. No estúdio, temos o proprietário da Semper e mago do realismo, David Corden, bem como Keira Rose, Poppy Luna, Dana Patterson, Calum Cochrane, Alex Brown e a nossa recepcionista (e aprendiz em início de carreira) Erica.

Qual é a sua coisa favorita sobre Edimburgo?

Por onde começar?! A cidade é linda, repleta de história e nunca estamos longe da praia!

Quem foi a maior ajuda ou inspiração quando iniciou a sua carreira na tatuagem?

Dan Dygas, que me ensinou tanto sobre tatuagem, e Grizzly por me dar a oportunidade de me juntar ao seu estúdio.

A minha inspiração inicial veio de revistas sobre tatuagem – antes do Insta e outras plataformas de redes sociais, foi onde descobri novos artistas e estilos de arte. Foi até onde vi pela primeira vez as tatuagens de David Corden!

Quais dos tatuadores a trabalhar atualmente mais lhe admira?

Essa é uma pergunta tão difícil - há tantos. Para citar alguns: Hannah Flowers, Sam Ford, Lianne Moule, Clare Goldilox, Michelle Maddison, Tom Strom, Jules Boho, Julia Rehme, Filouino, Claire Hamill. Sei que há muitos outros que merecem ser mencionados, e a lista está a crescer cada vez mais. Admiro realmente artistas que criam obras de arte e também tatuagens, e vejo como a sua prática artística e a sua tatuagem se influenciam mutuamente.

Quais são os artistas não ligados à tatuagem que mais a inspiram?

Nem sei por onde começar com isto – poderia falar para sempre sobre artistas que considero inspiradores!

Adoro as ilustrações de Ralph Steadman. Muitos dos artistas que me inspiram nem sempre se relacionam com o trabalho em aguarela – por exemplo, Berlinde De Bruyckere, Frida Kahlo, Jenny Saville, Kiki Smith, Louise Bourgeois, Mark Ryden, Marco Mazzoni e muitos outros.

Qual é o seu tema favorito para tatuar?

Adoro tatuar qualquer coisa que envolva animais, principalmente pássaros e criaturas marinhas, ou qualquer coisa derivada do folclore ou da mitologia. O estranho é maravilhoso!

Qual a tatuagem mais estranha que já fez?

Provavelmente um guaxinim com um tubo de snorkel - ou o presunto de rum de It’s Always Sunny in Philadelphia.

Todas as suas tatuagens começam como aguarelas?

Diria que 99% começam assim. Costumo pintar o desenho antes da tatuagem. Outras vezes, pinto as marcas de aguarela diretamente na pele dos clientes com carbono líquido, ou adiciono aguarela a tatuagens existentes.

O que faz com as aguarelas depois de terminada a tatuagem?

Entrego as aguarelas originais para o cliente guardar – a única exceção é se for um peça espotânea ou do meu caderno de rascunhos.

Quais são as suas cores favoritas para trabalhar numa tatuagem?

Adoro trabalhar com roxos e azul-petróleo. Também gosto de combinar magenta com laranja.

Qual a maior tatuagem que já fez? 

Provavelmente uma manga ou uma tatuagem nas costas.

Pode falar-nos sobre a sua bancada de trabalho?

A máquina que uso é a FK Irons Flux. Recebo a maioria dos meus materiais da Killer Ink. Para agulhas, uso uma combinação de cartuchos Cheyenne e Black Claw. A minha tinta favorita é a Fusion. Outros materiais da bancada de trabalho que também uso são as cápsulas para tinta Hive, Hustle Butter Deluxe e lavagem de espuma Hustle Bubbles, cola para estêncil da Stencil Forte e película protetora Dermalize.

Existe algum estilo de tatuagem que gostaria de experimentar mais?

Adoraria fazer um trabalho de estilo mais abstrato, focado em marcas e texturas expressivas.

O que mais gosta de ouvir enquanto trabalhas?

Isso muda de acordo com o meu humor – tenho uma playlist que fiz para pintar e tatuar chamada “Chill & Draw”, que é sobretudo hip-hip lo-fi, descontraído, reggae e coisas de cantores-compositores. Ou fico feliz a trabalhar com um pouco de rock/grunge dos anos 90 como música de fundo. Sou musicalmente confusa e gosto de variedade enquanto estou a trabalhar!

Qual é o melhor conselho que pode dar aos tatuadores iniciantes?

Estejam sempre a desenhar! Continue a aprender, a experimentar coisas novas, a criar e ser persistente. Seja paciente consigo mesmo, por vezes parece que o progresso é lento. Tente não comparar-se a si mesmo ou o seu progresso com os dor outros, o caminho de cada um é diferente. Rodeie-se de pessoas que o fazem sentir-se inspirado e motivado.

Descanse quando precisar – a tatuagem pode ser completa e consumir tudo, por isso estabelecer limites saudáveis irá protegê-lo do esgotamento. Obrigado por assistir à minha TED Talk.

Irá visitar alguma convenção ou ser tatuador convidado em 2023?

Estarei como convidada na Cult Coffee & Tattoos com Sam Ford no início de março, a convenção UKTTA em Birmingham e o Big North Tattoo Show em Newcastle, em abril. Espero trabalhar no Big London Tattoo Show em agosto.

O que gosta de fazer no seu tempo livre?

Nos meus tempos livres, gosto de pintar e ficar de pijama com os meus gatos. Rock'n'roll!

O que o futuro reserva para Joanne Baker?

Para ser honesta, não tenho certeza, mas espero que o futuro esteja cheio de novos clientes incríveis, com ótimas histórias e ideias maravilhosas! Espero aprender mais, e desenvolver a minha tatuagem e arte (todos os dias são dias para aprender!). Objetivos futuros bastante humildes.

Esperamos que tenha gostado desta conversa com a maravilhosa Joanne Baker – não deixe de conferir o trabalho dela no Instagram!